26 de mar. de 2008

Ela e Ele
Numa noite à toa, eu lá estava numa mesa qualquer conversando sobre temperos da vida a dois, e desenhos de nuvens de numa manhã de sol, quando eles saíram do bar. Alegres, jovens, sorrisos largos, e um pavio curto, com nervos à flor da pele, como eu veria segundos depois.
Na hora de sair com o carro, ela pede a chave. Ele não dá, quer saber o motivo, e já agressivo, pergunta se ela acha que está bêbado. ´´Se for dirigir não beba`, ela diz. A amiga se afasta, deixa o ´´circo pegar fogo´´, talvez adepta do desconhecido ditado ´´ em briga de namorados, se afaste´´, ou envergonhada, melhor dizendo, quase uma avestruz. Ele insistia em ´´levar´´ o carro, e ela para ´´deixar´´ , ele não tinha condições aequer de discutir, mas não resistiu ao machismo e fez um papel ridiculo, de um personagem clássico, muito conhecido do público feminino. Seria pedir demais um bom comportamento.
O jogo estava empatado. Quando ele quis agredí-la, o púbico levantou. Ele preferiu jogar a chave no asfalto. O mesmo piso que não cedeu, apesar da torcida, quando ele caminhou ao encontro do sol noturno. O inferno deveria ter portas aos pés de quem pensa estar no céu.
Ela, nervosa, chorou, jurando às mesas e às garrafas que aquela seria a última vez. Entrou em seu carro, e sem droga alguma nas veias, rasgou o asfalto, que cavalheiramente, não cedeu à força das rodas e do barulho do motor. O carro era dela, uma delicada amazona. Ele? bem, provavelmente, não haverá mais o mesmo pasto, nem celeiro.
No Gramophone : ´´Nada Ficou no Lugar´´, Adriana Calcanhoto
Escrito por Sergio Nasto,
às 20:35
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