Esse post faz parte da
Blogagem Coletiva idealizada pela Vera Fróes, pelo 01 de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a AIDS.
Um Dragão Vencido...E, lá pelo meio de 1985, nos falamos pela primeira vez, quando ele chegou na empresa.. Não sei quem o trouxe para meu grupo de amigos, mas isso acontece, de repente você se vê ligado à outra pessoa, e sequer lembra o que tornou isso possível. Logo fizemos uma boa amizade, e aliado ao que pensávamos do futuro, caminhamos juntos no trabalho. Um ano depois, fomos designados para um serviço na capital federal e lá resolvemos ficar.
Como não conhecíamos ninguém por lá, ficamos mais unidos. As reuniões aconteciam, sempre alternadamente aos sábado, a casa de um. Ele era sempre o que levava a animação. Acho que isso, de estar sempre de bem com a vida é que os aproximou. Sempre com seu Long Play ´´War`` do U2. Sempre que vejo a capa do disco lembro da mesma fisionomia de pedido de socorro que anos após ele faria.
O ano de 1988 começou com nossa empolgação de sairmos em férias juntos, e a turma inteira desbravar o interior de Minas, e dispersando quando chegasse ao Rio. Na hora ´´H`´ nada deu certo e viajamos em épocas diferentes, e com os compromisso, ficamos uns quatro meses sem fazer encontros regados a música, namoradas, churrascos e muita caipirinha no fundo dos quintais.
Quando nos encontramos justo na volta dele de Santos, com o braço esquerdo quase fechado com uma bela tatuagem de um dragão chinês.Brincávamos com ele, cantando ...´´Menino de Santos, dragão tatuado no braço..``.No decorrer do ano, alguns retornaram para o Rio, e os que ficaram, casaram. Ele encontrou uma linda morena, mistura tipicamente brasileira. Dois anos depois ela engravidou, e num exame de rotina, ele veio a descobrir que era soropositivo.
Quando tomei conhecimento fui visitá-lo. Ele, como sempre, de bem com a vida, falou-me que pedira revisão do exame. E repetiria em outro laboratório. Dias depois já estava certo do pior. Suspeitava das tatuagens. Mesmo assim, ainda viveu bastante para ver a filha nascer, e sentir a dor de não poder acompanhar seu crescimento. Era o que mais lhe matava por dentro, mas a certeza que seus dois amores não haviam se infectado com o vírus, lhe tranqüilizava.
A emoção que sinto com as lembranças daquele tempo feliz é infinita. Tempo que não tínhamos compromisso, a não ser de viver um dia após o outro. Ele mesmo dizia que vivia enquanto a vida lhe fosse possível sorrir. E seu sorriso cessou. Estampado no rosto apenas um sorriso amarelo de quem, no fundo, não acreditava no que lhe acontecia. Com força, apenas, para tentar sobreviver.
Veio a falecer em 1992, como um grande lutador dessa árdua batalha.
No Gramophone : ´´ New Year´s Day```, U2
Boas Vindas à Georgia, Taís Morais, Tom, Fabiene, Luh.Esse post faz parte da
Blogagem Coletiva ´´Dite Moda. Não deixe que ela te edite`´, idealizada pela Valérie.
Sem Noção de ModaNão sou de moda
Não sou de nada, talvez
Nem gosto de mesquinhez
Mas, pelo menos uma vez,
Experimentei alguma droga
Achando que era moda
Gosto de uma coca-cola comum
De uma calças jeans e camisa
velha, nova, tênis
Não podemos andar nus.
Gosto da novidade da amizade
E da certeza e clareza do amor
Que dizem por aí,
Que seja lá como for, está fora de moda.
Mas que droga de moda é essa
Que tira dinheiro de quem não tem
E dá mais a quem já tem?
Que moda de droga é essa que mata
E ata as mãos de quem sonha?
Que moda é essa que mata o carinho do filho ao pai
Que afasta do colo de mãe
Do abraço de irmão, do beijo de irmã.
Não sou de nada
Não sou da moda, talvez.
Nem gosto dessa insensatez
Mas pelo menos uma vez na vida
Experimentei alguma droga da moda
E quase fui infeliz.
No Gramophone : ´´Surrender``, U2.