10 de jun. de 2006
Medo de Acertar
...E, da Copa de 70, vagamente lembro da comemoração nas ruas do Rio, e até falei num post do ano passado, que foi o dia em que passei a torcer pelo Fluminense, quando meu vizinho desfraldou duas enormes bandeiras do meu atual time do coração. Foi amor à primeira vista. É claro não entendia o que tanto comemoravam, qual era a importância do acontecimento. Mais adiante, comecei a entender toda a empolgação, e como meus primos mais velhos ficava na frente da tv.
Já morando em Maceió, naquela tarde chuvosa de junho de 1974 vimos a seleção Brasileira despejar seis gols na fraca seleção do Zaire. Depois o Brasil passaria por algumas seleções, e cairia aos pés da Laranja Mecânica, ou seja, a Máquina espremeu o Brasil como uma laranja, e tomou o suco indo á final com a Alemanha. Isso é o máximo que lembro daquela Copa. Mas ali já gostava de futebol, já vivia na rua, e tomava os apertos de minha mãe pela teimosia. Minha vida era uma bola.
Depois da Copa de 1974, cresci jogando botão, e quando não tinha time suficiente para um campeonato, armava gols pequenos e eram quatro contra quatro. Colecionava revistas Placar, e confeccionava meus próprios botões. Os times eram o Fluminense, e o Santa Cruz, colava o rosto do jogador e os números. Eram completos, brilhosos, guardados numa flanela, costurada cuidadosamente como estojo, espaços para guardar os craques. Nós, juntos com os craques, voltamos a morar no Rio, em 1976.
Da Copa da Argentina em 1978 e Espanha em 1982, minha vida deu um giro de 180 graus. Na era Paolo Rossi, eu já morava em Olinda, e chorei ao ver aquela seleção sair cabisbaixa, não acreditando na volta tão cedo pra casa. Ninguém acreditou. De todas, aquela foi a que mais marcou. Como Deus permitiu, sendo brasileiro, que o time tão fantástico fosse derrotado por um desconhecido jogador? E ainda mais com três gols?. Minha adolescência acabou ali.
Outro giro de 180 graus e as Copas de 1986, 1990, 1994, 1998 já eram o suficiente para eu me tornar um Brasiliense. a capital federal era minha atual morada. A Copa do México, não foi tão decepcionante assim. Era a fase das festas, dos porres, tudo era alegria,nas tardes de Brasilia, e não me importei tanto com o pênalti perdido por Zico contra a França. Ela tinha um bom time. Foram as Copas das mudanças. Dessas vieram um casamento, filhos e separação. Desses times, o pior foi a de 1990, nunca fomos tão amigos dos Argentinos. No torneio de 1994 culminou com minha separação no dia da final, e de malas prontas para voltar ao Rio, vi o escândalo de 1998.
Em 2002 já estava morando em Maceió, como estou até agora, mas já não fico encantado como em 1970, ou empolgado como em 1974. Desde 1978 que vejo o Brasil como a seleção Coringa, que pode ser trocada, mudada, e de acordo com os resultados pode ser batida mesmo antes dos jogos acontecerem. Fomos os favoritos e mais visados em todas as Copas e sempre seremos. Fomos campeões em campos neutros. Nos países de tradição não conseguimos chegar às finais, e se chegamos não levamos.
Em 1974, deixamos para a opaca Alemanha, e quem fazia jus era a Holanda. Em 1978, a Argentina não deixou que disputássemos à final. Fomos os ´´Campeões Morais``. Em 1982, num campo da Europa, chegou a Itália. Em 1986 , no México, levou a Argentina, era campo neutro e o Brasil já havia sido campeão lá. Em 1990, Itália, terreno europeu deu Alemanha. Teria que ter outro Tri na história para competir com o Brasil. Em 1994, nos EUA, novamente campo neutro, o Brasil poderia ser campeão, a competição estava aberta. Chegou 1998, e a França tinha que ser campeã em casa. Nunca fora, o futebol francês havia crescido muito, mas precisava deslanchar. E foi o que aconteceu. Na Copa Coréia-Japão, o Brasil tinha o dever de mostrar ao Oriente como se jogava futebol. Foi campeão, mais uma vez em campo neutro, e deu certo.
Vocês vão perguntar: E a Copa de 1950 ?. O Brasil perdeu em casa. Sim, n realidade pode ter trocado por duas em campos neutros, uma na Europa, Suécia, e outro, na América, Chile. Assim, foi em 1966. Abrimos mão, Pelé foi caçado em campo, para otriunfo da Inglaterra.Agora, em 2006, a Alemanha forte como sempre, e mesmo sem ter um grande time como na maioria das vezes, provavelmente será a campeã. Ao Brasil caberá o papel de coadjuvante, e deverá chegar às quartas ou à semi-final. Para o futebol, um negócio cada vez mais rentável, é bom que o Brasil seja campeão aqui, talvez em 2014, ou na África. O Brasil não tem medo, mas eu tenho. Estou com o medo de acertar.
No Gramophone :´´ Vai Passar ``, Chico Buarque.
Boas Vindas à Alessandra
Amigos, Estou com problemas no meu pc, desde ontem que não consigo ficar dez minutos contínuos com ele no ar. Mas os visitarei assim que ele me ajudar.
Beijos e abraços
Escrito por Sergio Nasto,
às 07:46
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